Compartilhe em suas redes sociais:

A segunda etapa do seminário “130 anos da Lei Áurea: abolição ou segregação?” foi realizada na tarde nesta sexta-feira (25), na sede da Escola Municipal de Gestão do Legislativo (Emugle). Participaram representantes do Movimento Negro Unificado (MNU), de coletivos e de religiões de matriz africana, além de universitários e os vereadores Abu (PPS), Joilza Rangel (PSD), Josiane Morumbi (PRP) e Thiago Ferrugem (PR). A primeira etapa do evento aconteceu na quinta-feira (24).

Militante do MNU e mestre de capoeira, Gilberto Coutinho (Totinho) conduziu o debate. “A ideia é hoje fazer uma discussão acerca da reflexão sobre o 13 de maio. Na verdade, vamos fazer alguns apontamentos das dificuldades de efetivação das políticas públicas. Desde as medidas paliativas do século XIX até hoje a gente não conseguiu ter medidas concretas que visem reparar os danos causados a esses povos que foram libertos”, esclareceu.

O palestrante também ressaltou que a discussão deve ter a participação dos movimentos sociais. “Trouxemos também a cientificidade histórica, representantes de coletivos para falar da dificuldade de permanência do negro nas universidades, o povo de terreiro para falar do racismo religioso que eles vivem até hoje, o pessoal das comunidades remanescentes quilombolas para falar da dificuldade que as mesmas têm de acesso. Trouxemos o movimento social inteiro, basicamente, composto por várias correntes para sinalizar as dificuldades enfrentadas por esses grupos populacionais negros na sociedade brasileira”, concluiu Totinho.

A palestrante Lucimara Muniz apresentou um panorama das comunidades quilombolas pós-abolição. “Colocamos em questão esse panorama de apropriamento, do empoderamento e da visibilidade dessas comunidades. Queremos passar também que esse país vem dentro de uma descendência que é múltipla, mas ela tem um histórico da população negra. Temos um total de seis mil comunidades quilombolas no país”, afirmou.

Lucimara Muniz ainda abordou a desigualdade racial existente no país. “Na verdade, a gente não teve a liberdade tão proclamada pela Princesa Isabel. A gente teve, em 13 de maio de 1888, a questão de abolicionistas que lutaram e demonstraram essa luta, a Princesa Isabel simplesmente estava sendo colocada naquele espaço, mas existia uma luta anterior. E quando chegou o dia 14 de maio de 1888, os negros estavam libertos e não foram inseridos na sociedade, o que nos levou ao que existe hoje: a desigualdade”, pontuou.

Participaram, ainda, do debate a militante do MNU em Campos, Tainá Carvalho, e a representante do Coletivo Negro José do Patrocínio - da Uenf, Jéssica Oliveira. Representantes de comunidades quilombolas e de religiões também estiveram presentes. Encerrando o seminário, os participantes presenciaram apresentação do Trio Só Bamba, tocando samba e choro.

Próximos seminários

O ciclo de seminários da Emugle continua no dia 7 de junho, com o tema “Acessibilidade e Mobilidade Urbana”, das 14h às 17h. No dia 14 de junho, será realizado o seminário “Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável”, das 9h às 12h. Já no dia 28 de junho, a Emugle realiza o seminário “Cooperativismo e empreendimentos coletivos”, das 14h às 17h.

As pré-inscrições para os três seminários já estão abertas e podem ser realizadas através do formulário neste link. As vagas são limitadas e serão preenchidas obedecendo a ordem cronológica das solicitações. A Emugle está localizada na Rua Baronesa da lagoa Dourada, 160. Outras informações podem ser obtidas pelo telefone (22) 2725-8821.

*Por Lohaynne Gregório - Ascom Câmara Campos